
Setembro chegou. Com ele alguma paz perdida nos ruidosos meses de verão. Hoje, como habitualmente, fui dar um passeio de bicicleta. Uma das minhas voltas preferidas ultimamente é o percurso entre Braga – Amares – Valdozende – Rio Caldo – Cerdeirinhas – Póvoa de Lanhoso – Braga. Passado o bulício de Amares inicia-se a pacífica travessia até Rio Caldo. Paz, sossego, placidez, serenidade e uma multiplicidade de sinónimos seriam incapazes de traduzir a sensação de paz que hoje experimentei durante estes breves quilómetros de “pedaleio”, uma ou outra vez interrompida por algum automóvel que, no seu ímpeto de molestar, nos construía, a posteriori, uma sensação mais aprazível ainda. A única recordação que se lhe assemelha experimentei-a há já longos verões também numa cálida tarde de Setembro. O local, algo semelhante, o meio de transporte, uma canoa.
Foi no rio Minho, em Monção, terra do meu pai e lugar de férias e ledice na minha meninez e adolescência. Entre a chamada Pesqueira do Conde e a desembocadura do rio Mouro com os remos como imprescindível companhia, o rio lembrava um tapete de veludo-água e o único som audível era o da pagaia no seu penetrar e abjurar do plácido líquido. Relembro com agrado o vislumbre ténue de um bando de patos selvagens pousados, como artificialmente, sobre a água do Minho. Pareciam deslocar-se não por vontade própria mas como dirigidos, sincronizadamente, por uma guia invisível. Mil palavras que tentem descrever serão mil palavras vãs e inúteis nesta tentativa de retrato fiel duma experiência que tem de ser sentida pois, de outra forma, é impercebível.
Bom dia para passear de bicicleta. Boa temperatura e pouco movimento. A meio do caminho, uma agradável surpresa: o encontro com um amigo ciclista que me acompanhou a Braga. Na paragem silvas silvestres ofereceram-nos doces amoras que consumimos com avidez.
Doce Setembro.
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