1 de setembro de 2009

Doce Setembro

Setembro chegou. Com ele alguma paz perdida nos ruidosos meses de verão. Hoje, como habitualmente, fui dar um passeio de bicicleta. Uma das minhas voltas preferidas ultimamente é o percurso entre Braga – Amares – Valdozende – Rio Caldo – Cerdeirinhas – Póvoa de Lanhoso – Braga. Passado o bulício de Amares inicia-se a pacífica travessia até Rio Caldo. Paz, sossego, placidez, serenidade e uma multiplicidade de sinónimos seriam incapazes de traduzir a sensação de paz que hoje experimentei durante estes breves quilómetros de “pedaleio”, uma ou outra vez interrompida por algum automóvel que, no seu ímpeto de molestar, nos construía, a posteriori, uma sensação mais aprazível ainda. A única recordação que se lhe assemelha experimentei-a há já longos verões também numa cálida tarde de Setembro. O local, algo semelhante, o meio de transporte, uma canoa.

Foi no rio Minho, em Monção, terra do meu pai e lugar de férias e ledice na minha meninez e adolescência. Entre a chamada Pesqueira do Conde e a desembocadura do rio Mouro com os remos como imprescindível companhia, o rio lembrava um tapete de veludo-água e o único som audível era o da pagaia no seu penetrar e abjurar do plácido líquido. Relembro com agrado o vislumbre ténue de um bando de patos selvagens pousados, como artificialmente, sobre a água do Minho. Pareciam deslocar-se não por vontade própria mas como dirigidos, sincronizadamente, por uma guia invisível. Mil palavras que tentem descrever serão mil palavras vãs e inúteis nesta tentativa de retrato fiel duma experiência que tem de ser sentida pois, de outra forma, é impercebível.

Bom dia para passear de bicicleta. Boa temperatura e pouco movimento. A meio do caminho, uma agradável surpresa: o encontro com um amigo ciclista que me acompanhou a Braga. Na paragem silvas silvestres ofereceram-nos doces amoras que consumimos com avidez.

Doce Setembro.

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