Iniciamos hoje um novo post sob o nome Ares da Raya. Se alguém personaliza a cultura galaico-minhota, essa pessoa é João Verde. Poeta monçanense autor da obra que dá nome a este post – Ares da Raya –, ao longo da sua vida poética criou nas duas línguas que contornam o rio Minho, o galego e o português. A oitava que o imortalizou na sua terra natal e lá gravada para a posteridade, é a tradução da realidade em que vivem estas duas margens e que faz parte da apresentação deste blogue:
Vendo-os assim tão pertinho,
A Galiza e mail’o Minho,
São como dois namorados
Que o rio traz separados
Quasi desde o nascimento.
Deixal-os, pois, namorar,
Já que os paes para casar
Lhes não dão consentimento.*
Este maravilhoso poema fez eco na vizinha Galiza e, em resposta, o poeta vigues D. Amador Saavedra, respondeu:
Se Dios os fixo de cote
Um p’ra outro e teñem dote
Em terras emparexadas,
Pol’a mesma auga regadas
Com ou sem consentimento
D’os pais o tempo a chegar
Em que teñam que pensar
Em facer o casamento.*
* Verde, João, Ares Da Raya (1978), Câmara Municipal de Monção, (2ª Edição). Impresso pela Gráfica Deu-La-Deu, Lda.
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