Sonhei que assistia ao meu próprio enterro, a pé, caminhando entre um grupo de amigos vestidos com um luto solene, mas com ânimo de festa. Todos parecíamos afortunados por estar juntos. E eu mais do que ninguém, por aquela grata oportunidade que me fornecia a morte para estar com os meus amigos (…), os mais antigos, os mais queridos, aqueles que não via há mais tempo. No final da cerimónia, quando começaram a ir embora, eu tentei acompanha-los, mas um deles fez-me ver com uma severidade determinante que, para mim, a festa tinha terminado. «És o único que não pode ir embora», disse. Somente então percebi que morrer significa não estar mais com os amigos.
(Garcia Marquez, Prólogo de “Doce Cuentos Pelegrinos”; tradução livre)
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