27 de fevereiro de 2010

Memórias de Hospital I

Fui, no dia 14 de Fevereiro, vítima de um atropelamento enquanto praticava a minha mais que paixão dominical, ciclismo de estrada. A caminho da concentração de grupo e antes de chegar à Ponte do Bico, fui arremessado por detrás por um carro que, segundo o seu condutor (eu acredito) não me viu. São estes infortúnios inoportunos que por vezes nos aparecem e sobre os quais não vale a pena criar cenários hipotéticos de possíveis realidades paralelas pois não vão alterar o curso da vida. De salientar a pronta ajuda do instigador do incidente que não poupou esforços para a minha estabilização e socorro. Chamou para o 112 enquanto eu avisava os membros do meu grupo de cicloturismo do sucedido após alguns instantes de recobro. Apesar do telefonema aos meus colegas de equipa ter sido feito uns 10 minutos após o realizado para a linha de emergência, o INEM teve a ousadia de chegar 10 minutos após o presidente e um associado do grupo de cicloturismo de Lanhas (Vila Verde) ao qual pertenço. Uma vez na ambulância, imobilizado e apoiado por um dos elementos pensei, cá para os meus botões, que o pior tinha passado. Mal eu sabia que o pior estava por vir.
A seguinte fase, as urgências, apesar das críticas que habitualmente ouço, e sem contar as longas horas de espera, passou, com paciência (e muita) é claro, deitado e bastante ignorado. Também tenho consciência que este serviço, pela sua imprevisibilidade, não pode estar organizado de forma a prever todos os aspectos e contingências do dia-a-dia, mas a inexistência de um depósito de enfermos que não seja o próprio corredor afigura-se mais a um país longe da União Europeia (bem longe). O que conheço da realidade espanhola é bem diferente do que sucede aqui pois, mesmo nas urgências, a privacidade do doente, salvo excepções pontuais, é respeitada sem aglomerações nas principais vias de acesso a qualquer serviço com consequentes riscos de infecções ou contágios tão comuns em proximidades com doentes já contaminados. 
Após os exames preliminares e para confirmação de diagnóstico, foi necessário proceder a um exame mais pormenorizado e, por essa razão, foi indicada a realização de uma TAC à coluna vertebral. Como a máquina que efectua estes exames se encontrava avariada no hospital, foi inevitável o deslocamento ao centro de tomografia de Braga com auxílio da corporação de bombeiros que, pelo que pude depreender nesta viagem, estava fatigada devido à já longa lista de pacientes que essa semana foram submetidos a exames tomográficos. Pelos vistos havia já vários dias que este instrumento se encontrava danificado no hospital.

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