14 de março de 2010

Congresso PSD



Uma das frases que mais me encantou nos discursos dos ex-lideres do PSD, pertenceu a Marques Mendes: "O mercado está para a economia como a democracia está para a política. Não há alternativa melhor". De facto a evolução e o progresso da economia de mercado trouxe consigo o nascimento e desenvolvimento da democracia. Esta democracia permitiu a melhoria do nível de vida dos cidadãos em geral e da classe média em particular. Digo em particular pois, na minha opinião, a qualidade de uma sociedade é directamente proporcional à qualidade e quantidade da sua classe média. Por tanto, uma sociedade realmente livre necessita de um mercado livre, como um mercado livre necessita de uma sociedade livre. Este pode parecer um discurso ultra-liberal onde os mercados se auto-regulam sozinhos com ajuda de uma hipotética mão invisível mas, não se iludam os defensores acérrimos desta corrente, pois não é essa a minha intenção. A liberdade individual e social nunca é uma liberdade total pois existe a necessidade de uma regulação, latente ou manifesta, que a limite e a ajuste. Se a regulação latente se origina nos constrangimentos que derivam dos nossos valores particulares e sociais – é esta que podemos comparar com a “mão invisível” –, já a regulação manifesta é organizada por um sistema que consideramos o pilar da economia de mercado e da democracia: o Estado de Direito. É através dele que controlamos os nossos impulsos mais básicos e que nos impede o que, muitas vezes, são os nossos instintos mais primários de tentar fazer justiça com as próprias mãos. E não me refiro somente à chamada justiça popular ou a vinganças pessoais. Assistimos nestes últimos tempos a tentativas individuais de controlo sobre a justiça e sobre a comunicação social numa tentativa grotesca de repor aquilo que uma pessoa, um indivíduo, acha que é a melhor forma de governar. Uma “Mão Visível” mas não legitimada para essas funções tenta, de forma grotesca, coarctar a liberdade de saber disfarçando de regulação – através da justiça – ou de economia de mercado – através de posições dominantes em empresas – as suas acções. Não é isso que eu esperava quando depositei o meu voto.

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